domingo, 31 de julho de 2011

Ateus fazem campanha para mostrar que são vítimas de preconceito


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A campanha era para ser veiculada na parte traseira dos ônibus, mas empresas de São Paulo, Salvador, Florianópolis e Porto Alegre se recusaram a fazê-lo. A saída foi utilizar outdoors. Pelo menos em Porto Alegre, que desde o começo do mês é a primeira cidade brasileira a exibir uma campanha que defende que ateus são vítimas de preconceito.

Afinal, o que há de tão problemático com os anúncios? De acordo com Daniel Sottomaior, presidente da organização responsável pela campanha, o que incomoda é o conteúdo. Ele diz que as mensagens foram feitas com o objetivo de conscientizar a população de que o ateísmo pode conviver com outras religiões e não deve ser encarado como uma deficiência moral. “Todos os grupos que sofrem algum tipo de preconceito procuram fazer campanhas educativas para tentar minimizar o problema. Foi o que fizemos”, afirma.

Diante das mensagens veiculadas nos outdoors, as reações foram variadas. “Foram interpretadas como provocação por alguns grupos religiosos. Além disso, muitos acharam de mau gosto ou preconceituoso. Acho que isso foi coisa de quem não entendeu ou não quis entender”, diz. Daniel diz que seu objetivo é mostrar que ser ateu é difícil. “As pessoas ficam chocadas quando você revela que não acredita em um deus. Muitos chegam a perder emprego e, principalmente, amigos”.

Punição

Para o sociólogo americano e estudioso das religiões Phil Zuckerman o ateísmo ainda é fonte de muito preconceito. Segundo ele, ateus sofrem até mesmo perseguições. “Mesmo atualmente, em algumas nações, ser ateu é passível de punição com pena de morte. Nos Estados Unidos existe um forte estigma em ser ateu, principalmente no sul, onde a religiosidade é mais forte”, conta.

No Brasil, um país laico, a intolerância pode aparecer nas situações mais improváveis. A professora da Universidade Federal de Minas Gerais Vera Lucia Menezes de Oliveira e Paiva perdeu um filho de dois anos, atropelado. Diante do sofrimento da família no velório da criança, Vera escutou uma frase que a deixou bastante magoada. “Uma amiga me disse: ‘Quem sabe isso não aconteceu para você aprender a ter fé?’. Isso apenas reforçou minha convicção de que eu não queria acreditar em nenhum deus que pudesse levar o meu filho inocente”, revela.

Blog Mari Fuxico

sexta-feira, 1 de julho de 2011

UM RETRATO TIRADO SEM MÁQUINA FOTOGRÁFICA

Quando:
  • não se sabe rir, não se tem sentido de humor, não se consegue convocar a arte, citar um poeta, um verso ou um pensamento;
  • se é incapaz de dizer com graça uma graça;
  • não se sabe cantar nem se é afinado;
  • se tem voz desagradável, locução atrapalhada e maneiras rudes;
  • não se consegue proferir mais do que três frases seguidas de improviso sem se ultrajar a gramática;
  • se é escriba medíocre, pese saber-se de contas;
  • se é inculto, tosco, piroso, burgesso, autoperseguido, capcioso, atrabiliário, críptico, esquivo, vingativo, crispado, videirinho, furtivo, ardiloso, obscuro;
quando isto tudo está num só indivíduo, pode-se ser presidente de uma república europeia ocidental?